{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2013/06/26/caso-snowden-com-sabor-a-guerra-fria" }, "headline": "Caso Snowden com sabor a Guerra Fria", "description": "Caso Snowden com sabor a Guerra Fria", "articleBody": "China, R\u00fassia, Equador ou Cuba. Pontos estrat\u00e9gicos do anti-imperialismo americano. Escolha propositada ou pura coincid\u00eancia? Os destinos de fuga de Edward Snowden s\u00e3o hist\u00f3ricos inimigos dos Estados Unidos, uma escolha que d\u00e1 um sabor de Guerra Fria ao caso da fuga do antigo consultor da ag\u00eancia de seguran\u00e7a dos Estados Unidos. Vladimir Putin veio a publico anunciar a inten\u00e7\u00e3o da R\u00fassia de n\u00e3o entregar aos Estados Unidos um indiv\u00edduo que sabe tanto de espionagem americana. \u201cSnowden \u00e9 um homem livre, n\u00e3o cometeu qualquer crime no nosso pa\u00eds. N\u00e3o existem acordos internacionais de extradi\u00e7\u00e3o entre a R\u00fassia e os Estados Unidos. Espero que os nossos parceiros entendam isso\u201d, afirmou Putin durante uma visita \u00e0 Finl\u00e2ndia. A resposta dos norte-americanos chegou rapidamente por interm\u00e9dio do secret\u00e1rio de Estado, John Kerry, que n\u00e3o se alargou, mas deixou um recado a Moscovo: \u201cComo na\u00e7\u00e3o soberana que \u00e9, a R\u00fassia n\u00e3o tem qualquer interesse em aliar-se a um indiv\u00edduo acusado de violar a lei de outro pa\u00eds, o que, de acordo com as normais de direito internacional, fazem dele um fugitivo.\u201d Os dois hist\u00f3ricos inimigos do per\u00edodo da Guerra Fria mant\u00eam atualmente uma rela\u00e7\u00e3o cordial de fachada, mas os pontos de atrito e disc\u00f3rdia entre as duas pot\u00eancias s\u00e3o numerosos. Ali\u00e1s, como tamb\u00e9m o s\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 China. N\u00e3o \u00e9 por acaso que Pequim e Moscovo acolheram um desertor que Washington qualifica de inimigo. \u201cIsto tudo serve para demonstrar \u00e0 Am\u00e9rica que n\u00e3o nos interessam as rela\u00e7\u00f5es externas. Basicamente n\u00f3s estamos em plena Guerra Fria: o inimigo do teu governo \u00e9 nosso amigo. Se n\u00e3o fossem os Estados Unidos, o governo russo n\u00e3o tinha ido t\u00e3o longe, mas n\u00e3o sabemos o que vai acontecer. De qualquer maneira, Putin criou problemas ao presidente norte-americano e isso provavelmente f\u00e1-lo feliz\u201d, comentou Masha Lipman, presidente do centro Carnegie em Moscovo. Consciente ou n\u00e3o de tudo isto, com estes jogos de manipula\u00e7\u00e3o, Snowden est\u00e1 a deixar o governo norte-americano furioso. O antigo consultor da NSA tem escapado por pa\u00edses, que n\u00e3o s\u00e3o conhecidos pela liberdade de express\u00e3o e que t\u00eam todo o interesse em provocar a hegemonia americana. Giles Merrit diretor da Agenda de Seguran\u00e7a e Defesa, em Bruxelas, respondeu \u00e0s quest\u00f5es da euronews, sobre o caso Edward Snowden.Concluiu que houve excessos do lado americano. E que Vladimir Putin est\u00e1 a aproveitar o caso, para melhorar a sua popularidade interna.Deixou um aviso: \u00e9 preciso guardar o guarda, como se dizia na Roma antiga.euronews: Ouvimos, nos \u00faltimos dias, palavras duras. trocadas entre Moscovo e Washington, sobre o caso Edward Snowden. Acredita que a rela\u00e7\u00e3o entre estes dois \u201cinimigos\u201d da velha guerra fria est\u00e1 prestes a estoirar? Ou \u00e9 apenas ret\u00f3rica pol\u00edtica?GM: \u201c\u00c9 claro que Snowden \u00e9 uma batata quente e os russos est\u00e3o a manipular, tentando esconder os dedos queimados. Mas a verdadeira quest\u00e3o suspeito que seja a opini\u00e3o p\u00fablica. Como acalmar o sentimento que parece existir, em todo o mundo? Est\u00e1 a instalar-se um medo terr\u00edvel, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 seguran\u00e7a dos nossos e-mails e mensagens de texto, por telefone. Todos aqueles que trabalham para os governos s\u00e3o suspeitos de bisbilhotice. \u00c9 realmente um grande problema e os governos s\u00e3o os culpados disso. E a pergunta agora \u00e9 como podemos assegurar que h\u00e1 algum tipo de fairplay?\u201dEN: Disse que \u00e9 preciso algum tipo de fairplay. O que quer dizer e porqu\u00ea? Precisamos de alguma base jur\u00eddica, antes de fazer qualquer tipo de espionagem?GM: \u201cAcho que sim. Penso que h\u00e1 um forte sentimento, parecido com o do Romano antigo que perguntava: \u2018quem guarda o guarda?\u2019 Penso que h\u00e1 um crescente sentimento desse g\u00e9nero. N\u00f3s n\u00e3o precisamos de saber os pormenores, mas precisamos saber que algu\u00e9m, independente e fi\u00e1vel, est\u00e1 a vigiar os bisbilhoteiros\u201d.JF: Voltemos \u00e0 R\u00fassia. O Presidente Vladimri Putin considerou o pedido de extradi\u00e7\u00e3o de Snowden, feito pelos Estados Unidos, como um \u201cdisparate\u201d. O que ganha Putin com estas declara\u00e7\u00f5es t\u00e3o duras, para a Am\u00e9rica?GM: \u201cO que estamos a ver, em Putin, \u00e9 puro oportunismo. H\u00e1 a quest\u00e3o da S\u00edria, e outros dossiers pendentes. Putin n\u00e3o \u00e9 assim t\u00e3o popular, na R\u00fassia, e est\u00e1 a jogar para a opini\u00e3o p\u00fablica interna. Mas, ao mesmo tempo, acho que est\u00e1 a crescer a ideia de que, em todo o mundo, h\u00e1 m\u00e3os sujas. Os americanos est\u00e3o a perseguir Edward Snowden e, antes disto, perseguiram outras pessoas. H\u00e1 toda a quest\u00e3o Wikileaks que nos faz sentir que os americanos tamb\u00e9m est\u00e3o a manipular, de uma forma muito desajeitada e um pouco hip\u00f3crita\u201d.EN: Com Snowden agora no centro das aten\u00e7\u00f5es, acha que vai haver uma mudan\u00e7a de pol\u00edtica, sobre estes programas de vigil\u00e2ncia? Como o senhor j\u00e1 disse, parece existir um grande apoio da opini\u00e3o p\u00fablica, para a\u00e7\u00f5es, como as de Snowden.GM: \u201cA resposta \u00e9 sim. Eu acho que vai ser uma enorme press\u00e3o, n\u00e3o s\u00f3 a partir de ativistas dos direitos civis, mas dos media e da opini\u00e3o p\u00fablica, em geral. Eu acho que vai haver muita press\u00e3o para criar sistemas de controle vis\u00edvel, transparente, para que, de alguma forma, fiquemos a saber que os guardas est\u00e3o a ser vigiados\u201d.", "dateCreated": "2013-06-26T20:08:40+02:00", "dateModified": "2013-06-26T20:08:40+02:00", "datePublished": "2013-06-26T20:08:40+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F229916%2F1440x810_229916.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Caso Snowden com sabor a Guerra Fria", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F229916%2F432x243_229916.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Caso Snowden com sabor a Guerra Fria

Caso Snowden com sabor a Guerra Fria
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
PUBLICIDADE

China, Rússia, Equador ou Cuba. Pontos estratégicos do anti-imperialismo americano. Escolha propositada ou pura coincidência? Os destinos de fuga de Edward Snowden são históricos inimigos dos Estados Unidos, uma escolha que dá um sabor de Guerra Fria ao caso da fuga do antigo consultor da agência de segurança dos Estados Unidos. Vladimir Putin veio a publico anunciar a intenção da Rússia de não entregar aos Estados Unidos um indivíduo que sabe tanto de espionagem americana.

“Snowden é um homem livre, não cometeu qualquer crime no nosso país. Não existem acordos internacionais de extradição entre a Rússia e os Estados Unidos. Espero que os nossos parceiros entendam isso”, afirmou Putin durante uma visita à Finlândia.

A resposta dos norte-americanos chegou rapidamente por intermédio do secretário de Estado, John Kerry, que não se alargou, mas deixou um recado a Moscovo: “Como nação soberana que é, a Rússia não tem qualquer interesse em aliar-se a um indivíduo acusado de violar a lei de outro país, o que, de acordo com as normais de direito internacional, fazem dele um fugitivo.”

Os dois históricos inimigos do período da Guerra Fria mantêm atualmente uma relação cordial de fachada, mas os pontos de atrito e discórdia entre as duas potências são numerosos. Aliás, como também o são em relação à China. Não é por acaso que Pequim e Moscovo acolheram um desertor que Washington qualifica de inimigo.

“Isto tudo serve para demonstrar à América que não nos interessam as relações externas. Basicamente nós estamos em plena Guerra Fria: o inimigo do teu governo é nosso amigo. Se não fossem os Estados Unidos, o governo russo não tinha ido tão longe, mas não sabemos o que vai acontecer. De qualquer maneira, Putin criou problemas ao presidente norte-americano e isso provavelmente fá-lo feliz”, comentou Masha Lipman, presidente do centro Carnegie em Moscovo.

Consciente ou não de tudo isto, com estes jogos de manipulação, Snowden está a deixar o governo norte-americano furioso. O antigo consultor da NSA tem escapado por países, que não são conhecidos pela liberdade de expressão e que têm todo o interesse em provocar a hegemonia americana.

Giles Merrit diretor da Agenda de Segurança e Defesa, em Bruxelas, respondeu às questões da euronews, sobre o caso Edward Snowden.

Concluiu que houve excessos do lado americano. E que Vladimir Putin está a aproveitar o caso, para melhorar a sua popularidade interna.

Deixou um aviso: é preciso guardar o guarda, como se dizia na Roma antiga.

euronews: Ouvimos, nos últimos dias, palavras duras. trocadas entre Moscovo e Washington, sobre o caso Edward Snowden. Acredita que a relação entre estes dois “inimigos” da velha guerra fria está prestes a estoirar? Ou é apenas retórica política?

GM: “É claro que Snowden é uma batata quente e os russos estão a manipular, tentando esconder os dedos queimados. Mas a verdadeira questão suspeito que seja a opinião pública. Como acalmar o sentimento que parece existir, em todo o mundo? Está a instalar-se um medo terrível, em relação à segurança dos nossos e-mails e mensagens de texto, por telefone. Todos aqueles que trabalham para os governos são suspeitos de bisbilhotice. É realmente um grande problema e os governos são os culpados disso. E a pergunta agora é como podemos assegurar que há algum tipo de fairplay?”

EN: Disse que é preciso algum tipo de fairplay. O que quer dizer e porquê? Precisamos de alguma base jurídica, antes de fazer qualquer tipo de espionagem?

GM:

“Acho que sim. Penso que há um forte sentimento, parecido com o do Romano antigo que perguntava: ‘quem guarda o guarda?’ Penso que há um crescente sentimento desse género. Nós não precisamos de saber os pormenores, mas precisamos saber que alguém, independente e fiável, está a vigiar os bisbilhoteiros”.

JF: Voltemos à Rússia. O Presidente Vladimri Putin considerou o pedido de extradição de Snowden, feito pelos Estados Unidos, como um “disparate”. O que ganha Putin com estas declarações tão duras, para a América?

GM: “O que estamos a ver, em Putin, é puro oportunismo. Há a questão da Síria, e outros dossiers pendentes. Putin não é assim tão popular, na Rússia, e está a jogar para a opinião pública interna. Mas, ao mesmo tempo, acho que está a crescer a ideia de que, em todo o mundo, há mãos sujas. Os americanos estão a perseguir Edward Snowden e, antes disto, perseguiram outras pessoas. Há toda a questão Wikileaks que nos faz sentir que os americanos também estão a manipular, de uma forma muito desajeitada e um pouco hipócrita”.

EN: Com Snowden agora no centro das atenções, acha que vai haver uma mudança de política, sobre estes programas de vigilância? Como o senhor já disse, parece existir um grande apoio da opinião pública, para ações, como as de Snowden.

GM: “A resposta é sim. Eu acho que vai ser uma enorme pressão, não só a partir de ativistas dos direitos civis, mas dos media e da opinião pública, em geral. Eu acho que vai haver muita pressão para criar sistemas de controle visível, transparente, para que, de alguma forma, fiquemos a saber que os guardas estão a ser vigiados”.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Dinamarca ajuda EUA a espiar líderes europeus

Pelo menos cinco mortos, incluindo um bebé, em ataques aéreos russos em Pryluky, no norte da Ucrânia

Coreia do Norte reitera o seu apoio "incondicional" à invasão russa da Ucrânia