O presidente russo aplaudiu a parceria entre a China e a Rússia e classificou a "fraternidade de combate" das duas nações como um pilar fundamental da sua cooperação estratégica, numa altura em que continua a guerra na Ucrânia.
O presidente chinês, Xi Jinping, chegou a Moscovo na quarta-feira, antes da parada Dia da Vitória, na sexta-feira, onde Putin disse que o presidente chinês seria o "principal convidado" da Rússia.
No encontro entre os dois líderes, Putin atribuiu a cooperação estratégica entre Moscovo e Pequim à "fraternidade de combate" que os dois países construíram durante a Segunda Guerra Mundial.
"Estamos a desenvolver os nossos laços em benefício dos povos dos dois países, e não contra ninguém. As nossas relações baseiam-se na igualdade e no benefício mútuo e não são motivadas por considerações de curto prazo", afirmou Putin.
"A intenção de construir relações de boa vizinhança, reforçar a amizade e expandir a cooperação é uma escolha da Rússia e da República Popular da China baseada na interação estratégica", acrescentou.
O conselheiro de Putin para a política externa, Yuri Ushakov, confirmou que os dois líderes deverão discutir o comércio, o fornecimento de petróleo e gás à China e a cooperação no âmbito dos BRICS, o bloco das chamadas economias emergentes.
Embora a União Soviética e a China estivessem entre os principais aliados, os dois países não tiveram uma ação significativa lado a lado na Segunda Guerra Mundial.
Putin e Xi reuniram-se mais de 40 vezes e aprofundaram os seus laços num contexto de tensões crescentes com o Ocidente.
Esta visita de Estado terá a duração de quatro dias.
Relações China-Rússia
A China tem oferecido apoio diplomático a Moscovo e condenado as sanções ocidentais desde a invasão total da Ucrânia pela Rússia no início de 2022.
Pequim tem sido também uma das principais fontes de maquinaria e eletrónica, depois de as sanções ocidentais terem restringido os fornecimentos de alta tecnologia, e é um dos principais mercados para o petróleo e o gás russos.
Em contrapartida, Moscovo tem manifestado constantemente o seu apoio a Pequim em questões relacionadas com Taiwan, que a China não reconhece como um país independente.
Além disso, em abril, dois cidadãos chineses que combatiam no exército russo foram capturados no leste da Ucrânia, o que suscita receios de que Pequim possa estar envolvida na guerra de Moscovo com botas no terreno.
A reunião bilateral ocorre num momento difícil, pouco depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, terem trocado mensagens com Xi para celebrar o 50.º aniversário das relações bilaterais.
Ambas as declarações da UE e da China sublinharam a vontade de aprofundar os seus laços e manifestaram um interesse mútuo em enfrentar em conjunto os desafios globais.
Esta posição de cooperação entre as duas nações contrasta fortemente com a sua relação mais complexa em 2023, quando von der Leyen chamou a atenção para "a postura mais agressiva e a concorrência económica desleal da China" e denunciou Pequim pelas suas relações com Moscovo.
No entanto, o regresso do presidente dos EUA, Donald Trump, à Casa Branca e a introdução de tarifas globais forçaram a UE a reconsiderar as suas relações.