{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2023/07/26/a-ciencia-por-detras-do-verao-brutal-na-europa" }, "headline": "A ci\u00eancia por detr\u00e1s do ver\u00e3o brutal na Europa", "description": "As ondas de calor de julho na Europa tornaram-se 950 vezes mais prov\u00e1veis devido \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas causadas pelo Homem, asseguram os cientistas", "articleBody": "Neste momento, o cen\u00e1rio \u00e9 infernal, mas h\u00e1 luz no fundo do t\u00fanel. S\u00f3 n\u00e3o podemos ficar de bra\u00e7os cruzados. Carlo Buontempo, diretor do Servi\u00e7o Copernicus para as Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas (C3S) da Uni\u00e3o Europeia, acredita que\u00a0 se reduzirmos radicalmente as emiss\u00f5es, o impacto poder\u00e1 ser vis\u00edvel ainda durante a nossa vida.\u00a0 \u0022Se formos bons a mitigar as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas, podemos voltar a um clima mais pr\u00f3ximo do atual, possivelmente at\u00e9 mais frio do que \u00e9 agora, no final do s\u00e9culo\u0022, considera. Com inc\u00eandios florestais violentos, inunda\u00e7\u00f5es e dezenas de milhares de vidas perdidas este ano, os pr\u00f3ximos 20 s\u00e3o dif\u00edceis de imaginar. Mas compreender os factos e us\u00e1-los como um est\u00edmulo para a a\u00e7\u00e3o \u00e9 o melhor ponto de partida na pequena janela de tempo que temos para dar a volta \u00e0 situa\u00e7\u00e3o. A Euronews conversou com Buontempo sobre a ci\u00eancia subjacente a este ver\u00e3o europeu de condi\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas extremas. O que est\u00e1 a causar a vaga de calor? Uma an\u00e1lise publicada pelo grupo World Weather Attribution esta ter\u00e7a-feira concluiu que as recentes vagas de calor na Europa e nos Estados Unidos foram tornadas, no m\u00ednimo, 950 e 4400 vezes mais prov\u00e1veis pelo aquecimento global. Mesmo sem uma sofisticada modeliza\u00e7\u00e3o inform\u00e1tica, o padr\u00e3o \u00e9 claro: os oito anos mais quentes ocorreram todos nos \u00faltimos oito anos, segundo a Organiza\u00e7\u00e3o Meteorol\u00f3gica Mundial da ONU. O ver\u00e3o deste ano est\u00e1 a seguir o mesmo caminho. O m\u00eas ado foi o junho mais quente alguma vez registado a n\u00edvel mundial, de acordo com a istra\u00e7\u00e3o Nacional Oce\u00e2nica e Atmosf\u00e9rica, sediada nos EUA. Com a onda de calor que tem assolado o sul da Europa este m\u00eas, o recorde hist\u00f3rico de temperatura m\u00e1xima no bloco - 48,8\u00b0C na Sic\u00edlia, medidos (embora ainda n\u00e3o verificados oficialmente) em 2021 - poder\u00e1 em breve ser batido. \u00c9 normal que os recordes meteorol\u00f3gicos e clim\u00e1ticos sejam batidos de vez em quando. \u0022O que \u00e9 surpreendente e me chama a aten\u00e7\u00e3o \u00e9 o facto de n\u00e3o se tratar apenas de uma irregularidade do clima\u0022, explica Buontempo. N\u00e3o se trata apenas de uma flutua\u00e7\u00e3o, mas de um padr\u00e3o, esclarece, que se tem vindo a acentuar nos \u00faltimos tr\u00eas ver\u00f5es. A esta\u00e7\u00e3o de 2021 foi a mais quente alguma vez registada na Europa, rapidamente ultraada pelo ver\u00e3o de 2022 por quase meio grau. \u0022Mesmo que n\u00e3o confie nos modelos clim\u00e1ticos ou no que a ci\u00eancia clim\u00e1tica diz, deve confiar nas observa\u00e7\u00f5es. E estas dizem-nos inequivocamente que o sistema clim\u00e1tico tem estado a aquecer e que os extremos est\u00e3o a agrupar-se e a tornar-se mais frequentes do que eram antes\u0022, garante o especialista. A liga\u00e7\u00e3o entre o aquecimento global alimentado por combust\u00edveis f\u00f3sseis e as ondas de calor \u00e9 bastante clara.\u00a0 O Intergovernamental das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas\u00a0assegura que \u0022cada 0,5\u00b0C adicional de aquecimento global provoca aumentos claramente discern\u00edveis na intensidade e frequ\u00eancia de fen\u00f3menos extremos de calor, incluindo ondas de calor\u0022. R econhecimento da crise clim\u00e1tica cresce A primeira grande vaga de calor na Europa ocorreu no ver\u00e3o de 2003, provocando dezenas de milhares de mortes em Fran\u00e7a, It\u00e1lia e Espanha.\u00a0 \u0022Os especialistas do clima avisaram-nos que, em 2020, este tipo de ver\u00e3o seria muito mais comum, se n\u00e3o mesmo predominante\u0022, conta Buontempo. E foi o que aconteceu. \u0022Por vezes, fico um pouco perplexo com o facto de haver tantas pessoas que n\u00e3o confiam nas provas. Penso que ser c\u00e9tico \u00e9 uma atitude muito natural e tamb\u00e9m muito cient\u00edfica. Mas, na minha opini\u00e3o, esse tipo de ceticismo deve come\u00e7ar com factos e observa\u00e7\u00e3o de dados\u0022, confessa. \u0022Os abusos de que somos alvo no Twitter, dizendo que cumprimos uma agenda ou que estamos a mentir, \u00e9 bastante cansativo. Tamb\u00e9m porque gosto de pensar que todos n\u00f3s devemos ser guiados. As nossas a\u00e7\u00f5es devem ser guiadas pela ci\u00eancia e pelas provas. E o que n\u00f3s fazemos \u00e9 fornecer provas\u0022. No entanto, de um modo geral, o especialista considera que existe um \u0022reconhecimento crescente\u0022 da crise clim\u00e1tica, especialmente por parte dos cidad\u00e3os do Sul da Europa e do Mediterr\u00e2neo. ", "dateCreated": "2023-07-26T12:57:37+02:00", "dateModified": "2023-07-26T17:44:17+02:00", "datePublished": "2023-07-26T17:44:13+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F77%2F96%2F58%2F1440x810_cmsv2_7b8cabab-2e61-5db3-b970-fcb345e69187-7779658.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Chamas consomem \u00e1rvores na aldeia de Gennadi, na ilha grega de Rodes, esta ter\u00e7a-feira.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F77%2F96%2F58%2F432x243_cmsv2_7b8cabab-2e61-5db3-b970-fcb345e69187-7779658.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": [ { "@type": "Person", "familyName": "Limb", "givenName": "Lottie", "name": "Lottie Limb", "url": "/perfis/2280", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Equipe de langue anglaise" } } ], "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Clima" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

A ciência por detrás do verão brutal na Europa

Chamas consomem árvores na aldeia de Gennadi, na ilha grega de Rodes, esta terça-feira.
Chamas consomem árvores na aldeia de Gennadi, na ilha grega de Rodes, esta terça-feira. Direitos de autor Angelos Tzortzinis/AFP
Direitos de autor Angelos Tzortzinis/AFP
De Lottie Limb
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

As ondas de calor de julho na Europa tornaram-se 950 vezes mais prováveis devido às alterações climáticas causadas pelo Homem, asseguram os cientistas

PUBLICIDADE

Neste momento, o cenário é infernal, mas há luz no fundo do túnel. Só não podemos ficar de braços cruzados.

Carlo Buontempo, diretor do Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S) da União Europeia, acredita que se reduzirmos radicalmente as emissões, o impacto poderá ser visível ainda durante a nossa vida. 

"Se formos bons a mitigar as alterações climáticas, podemos voltar a um clima mais próximo do atual, possivelmente até mais frio do que é agora, no final do século", considera.

Com incêndios florestais violentos, inundações e dezenas de milhares de vidas perdidas este ano, os próximos 20 são difíceis de imaginar. Mas compreender os factos e usá-los como um estímulo para a ação é o melhor ponto de partida na pequena janela de tempo que temos para dar a volta à situação.

A Euronews conversou com Buontempo sobre a ciência subjacente a este verão europeu de condições meteorológicas extremas.

O que está a causar a vaga de calor?

Uma análise publicada pelo grupo World Weather Attribution esta terça-feira concluiu que as recentes vagas de calor na Europa e nos Estados Unidos foram tornadas, no mínimo, 950 e 4400 vezes mais prováveis pelo aquecimento global.

Mesmo sem uma sofisticada modelização informática, o padrão é claro: os oito anos mais quentes ocorreram todos nos últimos oito anos, segundo a Organização Meteorológica Mundial da ONU.

O verão deste ano está a seguir o mesmo caminho. O mês ado foi o junho mais quente alguma vez registado a nível mundial, de acordo com a istração Nacional Oceânica e Atmosférica, sediada nos EUA.

UE, Copernicus Sentinel-2
Imagem de satélite da ilha grega de Corfu, esta terça-feira.UE, Copernicus Sentinel-2

Com a onda de calor que tem assolado o sul da Europa este mês, o recorde histórico de temperatura máxima no bloco - 48,8°C na Sicília, medidos (embora ainda não verificados oficialmente) em 2021 - poderá em breve ser batido.

É normal que os recordes meteorológicos e climáticos sejam batidos de vez em quando. "O que é surpreendente e me chama a atenção é o facto de não se tratar apenas de uma irregularidade do clima", explica Buontempo.

Não se trata apenas de uma flutuação, mas de um padrão, esclarece, que se tem vindo a acentuar nos últimos três verões. A estação de 2021 foi a mais quente alguma vez registada na Europa, rapidamente ultraada pelo verão de 2022 por quase meio grau.

"Mesmo que não confie nos modelos climáticos ou no que a ciência climática diz, deve confiar nas observações. E estas dizem-nos inequivocamente que o sistema climático tem estado a aquecer e que os extremos estão a agrupar-se e a tornar-se mais frequentes do que eram antes", garante o especialista.

A ligação entre o aquecimento global alimentado por combustíveis fósseis e as ondas de calor é bastante clara. 

O Intergovernamental das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas assegura que "cada 0,5°C adicional de aquecimento global provoca aumentos claramente discerníveis na intensidade e frequência de fenómenos extremos de calor, incluindo ondas de calor".

Reconhecimento da crise climática cresce

A primeira grande vaga de calor na Europa ocorreu no verão de 2003, provocando dezenas de milhares de mortes em França, Itália e Espanha. 

"Os especialistas do clima avisaram-nos que, em 2020, este tipo de verão seria muito mais comum, se não mesmo predominante", conta Buontempo. E foi o que aconteceu.

Copernicus
Carlo BuontempoCopernicus

"Por vezes, fico um pouco perplexo com o facto de haver tantas pessoas que não confiam nas provas. Penso que ser cético é uma atitude muito natural e também muito científica. Mas, na minha opinião, esse tipo de ceticismo deve começar com factos e observação de dados", confessa.

"Os abusos de que somos alvo no Twitter, dizendo que cumprimos uma agenda ou que estamos a mentir, é bastante cansativo. Também porque gosto de pensar que todos nós devemos ser guiados. As nossas ações devem ser guiadas pela ciência e pelas provas. E o que nós fazemos é fornecer provas".

No entanto, de um modo geral, o especialista considera que existe um "reconhecimento crescente" da crise climática, especialmente por parte dos cidadãos do Sul da Europa e do Mediterrâneo.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Planeta Terra chegou à "era da ebulição global", alerta ONU

Cinco mortos em incêndios em Itália, assolada a norte por tempestades

Europa enfrenta preocupações com a seca depois de ar segundo mês de maio mais quente de sempre