{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2017/02/23/a-reunificacao-e-o-futuro-economico-de-chipre" }, "headline": "A reunifica\u00e7\u00e3o e o futuro econ\u00f3mico de Chipre", "description": "Para que Chipre se desenvolva economicamente e ofere\u00e7a emprego aos jovens, a reunifica\u00e7\u00e3o \u00e9 incontorn\u00e1vel?", "articleBody": "Para que Chipre se desenvolva economicamente e ofere\u00e7a emprego aos jovens, a reunifica\u00e7\u00e3o \u00e9 incontorn\u00e1vel \u2013 \u00e9 um dos argumentos mais propalados, numa altura em que o futuro da ilha mediterr\u00e2nica voltou a ser alvo de conversa\u00e7\u00f5es. Mas ainda n\u00e3o h\u00e1 entendimento \u00e0 vista. Entretanto, h\u00e1 quem tente avan\u00e7ar com projetos altamente simb\u00f3licos, como a reconvers\u00e3o da est\u00e2ncia tur\u00edstica de Varosha, deixada ao abandono em 1974. \u201cBom dia a todos. 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A comunidade cipriota grega aria a beneficiar automaticamente de trocas comerciais com a Turquia\u201d, considera Toros. \u201cSe todos os jovens partirem, quem vai desenvolver o nosso pa\u00eds?\u201d Ainda existem pontos de controlo para atravessar de um lado ao outro da ilha. As trocas comerciais s\u00e3o limitadas em fun\u00e7\u00e3o do estipulado na divis\u00e3o da chamada linha verde. Estima-se que as trocas atinjam menos de 10% do valor potencial. H\u00e1 muito que as empresas do norte e do sul da ilha esperam pelo levantamento das san\u00e7\u00f5es, tal como os investidores estrangeiros, diz-nos o presidente da C\u00e2mara de Com\u00e9rcio de Chipre. Phidias K. Pilides real\u00e7a que \u201cj\u00e1 h\u00e1 di\u00e1logo entre empresas de ambos os lados para estabelecerem parcerias, formas de coopera\u00e7\u00e3o\u2026 Tenho falado com investidores e h\u00e1 de novo um interesse em apostar em grandes projetos. \u00c9 preciso n\u00e3o esquecer que a ilha de Chipre se situa na rota de transporte de g\u00e1s natural para a Europa, muito do qual tem sido descoberto na bacia do Mediterr\u00e2neo oriental\u201d. Segundo alguns estudos recentes, uma eventual integra\u00e7\u00e3o econ\u00f3mica poderia multiplicar por tr\u00eas a taxa de crescimento da ilha. Gregoris Ioannou e Sertac Sonan escreveram um relat\u00f3rio sobre o desemprego entre os jovens cipriotas, bastante mais elevado do que a m\u00e9dia europeia. \u201cOs cipriotas turcos est\u00e3o sob isolamento econ\u00f3mico e isso condiciona o desenvolvimento do setor privado. H\u00e1 muita gente com diplomas universit\u00e1rios e n\u00e3o h\u00e1 emprego suficiente. Vai ser muito dif\u00edcil criar emprego qualificado se o setor privado cipriota turco n\u00e3o ar a integrar a economia global\u201d, explica Sertac Sonan. Segundo Gregoris Ioannou, \u201ch\u00e1 muitas pessoas, sobretudo jovens qualificados com licenciaturas, que est\u00e3o a procurar trabalho no estrangeiro. A reunifica\u00e7\u00e3o pode trazer novos investimentos e novas necessidades no mercado, para travar o fluxo de jovens que v\u00e3o viver para fora\u201d. Hakan \u00c7oban \u00e9 cipriota turco. Acabou de se licenciar em Rela\u00e7\u00f5es Internacionais. Como n\u00e3o tem qualquer perspetiva aqui, decidiu tentar a sorte em Portugal: \u201cTenho amigos que estudaram engenharia e que trabalham em bancos ou em supermercados. N\u00e3o h\u00e1 oportunidades de emprego para os jovens. J\u00e1 comprei o bilhete: em vez de ficar aqui \u00e0 espera, vou para Lisboa\u201d. Andrea Georgiou, cipriota grega, licenciou-se em Gest\u00e3o. Tem um emprego, embora prec\u00e1rio. 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A reunificação e o futuro económico de Chipre

A reunificação e o futuro económico de Chipre
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Para que Chipre se desenvolva economicamente e ofereça emprego aos jovens, a reunificação é incontornável?

Para que Chipre se desenvolva economicamente e ofereça emprego aos jovens, a reunificação é incontornável – é um dos argumentos mais propalados, numa altura em que o futuro da ilha mediterrânica voltou a seralvo de conversações. Mas ainda não há entendimento à vista. Entretanto, há quem tente avançar com projetos altamente simbólicos, como a reconversão da estância turística de Varosha, deixada ao abandono em 1974.

“Bom dia a todos. Sejam bem-vindos a esta visita guiada pela fantástica cidade de Famagusta”. Anna Marangou é cipriota grega. Orhan Tolun é cipriota turco. Juntos abrem as portas ao imenso património histórico da ilha mediterrânica de Chipre, dividida desde 1974, entre as comunidades turca, a norte, e grega, a sul.

Acompanhámos uma visita à cidade de Famagusta, na parte norte, em tempos o mais importante porto do território e onde ambas as comunidades viviam lado a lado. “Nós partilhamos uma herança cultural. Já demonstrámos que podemos viver e trabalhar em conjunto”, diz-nos Anna.

A possibilidade de reunificação tem sido apresentada como um vetor potencial de prosperidade económica, nomeadamente no setor do turismo. Mas este não é o argumento que mais interessa a Anna e Orhan. “Não o fazemos por causa do dinheiro, mas sim por causa do futuro, para que os nossos filhos e netos tenham um bom país no futuro”, salienta Orhan.

Reconverter Varosha, a antiga estância das estrelas

A visita termina num local fantasmagórico: agora abandonado, Varosha era o antigo resort turístico de Famagusta, procurado por estrelas como Elizabeth Taylor ou Brigitte Bardot. Há 42 anos, a ocupação do exército turco levou à fuga dos residentes cipriotas gregos. É proibido filmar aquele que é um dos símbolos mais fortes da divisão de Chipre. Mas há quem diga que se pode tornar no berço de uma nova idade de ouro.

Andreas Lordos e Ceren Bogaç acreditam que é isso mesmo que vai acontecer. Ambos são arquitetos e participam num ambicioso projeto de reconstrução de Varosha. Trata-se de uma proposta de transformação numa “eco-cidade”, de acordo com um modelo de desenvolvimento sustentável que saliente, também, a ideia da reunificação.

Segundo Andreas, “isto pode transformar-se numa plataforma civilizacional e de comércio. Os edifícios existentes podem ser conservados, preservando a memória. Mas, ao mesmo tempo, este espaço pode beneficiar das infraestruturas e das práticas ecológicas do século 21”.

Para Ceren, “é um projeto que dá voz a muita gente para quem estamos a tentar trazer uma nova realidade. São pessoas que viveram aqui, que querem viver de novo aqui. Parte do seu espírito ficou neste lugar. E a outra parte está vazia, porque não se alcançou a integração”.

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— Varosha Famagusta (@varosha_cyprus) 26 octobre 2016

A proposta surge no contexto da recente ronda de negociações sobre o futuro da ilha. Até que ponto o avanço económico depende de uma solução política? Marcámos encontro com o responsável pela Câmara de Comércio cipriota turca Fikri Toros.

“Ao alcançarmos um entendimento, a comunidade cipriota turca aria a estar isenta de sanções e poderia aceder a todo o mercado cipriota, já para não falar dos mercados europeus. Toda a geopolítica desta parte do Mediterrâneo sairia a ganhar, porque seria um reforço da cooperação regional. A comunidade cipriota grega aria a beneficiar automaticamente de trocas comerciais com a Turquia”, considera Toros.

“Se todos os jovens partirem, quem vai desenvolver o nosso país"> Notícias relacionadas

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