O partido de extrema-esquerda França Insubmissa disse que vai suspender as conversações para nomear um primeiro-ministro, acusando os socialistas de sabotarem o processo.
A coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que obteve o maior número de lugares nas eleições legislativas sas, vai finalmente chegar a acordo sobre o nome do futuro primeiro-ministro?
A aliança composta pelo partido de extrema-esquerda França Insubmissa, os socialistas, os Verdes e os comunistas tem estado a discutir quem deverá liderar o próximo governo.
Na segunda-feira à tarde, o partido França Insubmissa anunciou, através de um comunicado de imprensa , a suspensão das conversações até nova indicação, acusando os socialistas de sabotarem as negociações.
No sábado, o Partido Socialista vetou a candidatura da ex-deputada Huguette Bello, que contava com o apoio esmagador dos comunistas e do França Insubmissa, enfurecendo os dois partidos.
Na segunda-feira à noite, o Partido Socialista declarou ter encontrado um "candidato comum da sociedade civil" para o cargo de primeiro-ministro, com o acordo dos Verdes e dos Comunistas. O Partido Socialista pediu ao Partido França Insubmissa que voltasse à mesa das negociações.
"Esperamos retomar as discussões para um acordo a quatro mãos o mais rapidamente possível", acrescentou o Partido Socialista num tweet, sem revelar a identidade do candidato.
A primeira sessão pública da Assembleia Nacional sa é esta quinta-feira e a coligação de esquerda espera apresentar um candidato até lá.
De acordo com a Constituição sa, o presidente tem o poder de nomear quem quiser como primeiro-ministro.
Por conseguinte, o presidente francês Emmanuel Macron não é obrigado a nomear alguém do maior bloco, atualmente a NFP.
No entanto, a lógica institucional implica que o primeiro-ministro nomeado precisa de reunir apoio suficiente na Assembleia Nacional para evitar uma moção de censura, o que levaria à queda do governo.
Finanças públicas: Tribunal de Contas faz soar alarme
Neste clima político tenso, o Tribunal de Contas apresentou na segunda-feira de manhã o seu relatório anual sobre as finanças públicas.
No documento, o Tribunal de Contas descreve uma "situação preocupante" para as finanças públicas sas devido à pandemia de Covid-19 e à inflação.
Adverte também que a situação pode piorar devido à incerteza política pós-eleitoral - uma situação sem precedentes na história moderna de França.
"É evidente que existe uma necessidade de ajustamento orçamental em França e noutros países com uma dívida elevada", afirmou o Comissário Europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, na segunda-feira, antes de uma reunião dos ministros das Finanças da UE em Bruxelas.
Os ministros deverão discutir durante dois dias os procedimentos relativos ao défice excessivo contra sete países da UE, incluindo a França.
"É claro que estamos conscientes das dificuldades institucionais" do país, sublinhou Paolo Gentiloni, considerando "possível" e "necessário" reduzir os défices públicos.
A França excedeu o limite do défice público fixado em 3% do produto interno bruto (PIB) em 2023.
A França terá de tomar medidas corretivas para cumprir as regras orçamentais da União Europeia no futuro.
No entanto, alguns deputados da coligação NFP anunciaram que se recusarão a aplicar quaisquer medidas de austeridade para cumprir as regras da UE.