Antiga chanceler alemã raramente faz declarações públicas, mas fez questão de assumir uma posição para considerar errada a abordagem de Merz e para pedir à CDU que trabalhe com os "partidos democráticos" e "com base no direito europeu aplicável".
A ex-chanceler alemã Angela Merkel fez críticas públicas a Friedrich Merz, líder da CDU, de centro-direita, e favorito à vitória nas eleições legislativas da Alemanha marcadas para o próximo dia 23 de fevereiro, a propósito das regras de migração mais duras apresentadas por Merz e aprovadas na quarta-feira no Bundestag com o apoio da extrema-direita.
Merkel, antiga líder da CDU, lembrou que Merz tinha dito em novembro do ano ado, no parlamento alemão, que nenhuma medida deveria ser aprovada com o apoio da AfD, partido de extrema-direita, antes das eleições de 23 de fevereiro. A antiga chefe do governo federal da Alemanha considerou "errado" que o seu colega de partido tenha abanonado a posição defendida há três meses para "permitir, pela primeira vez, uma maioria com os votos da AfD numa votação no Bundestag".
Numa rara declaração pública, expressa na manhã desta quinta-feira no sua página oficial na internet, Merkel pediu moderação aos "partidos democráticos", instando-os a trabalharem em conjunto "com base no direito europeu aplicável".
"É necessário que todos os partidos democráticos trabalhem em conjunto, para além das fronteiras partidárias, não como uma manobra tática, mas honestamente, com um tom moderado e com base no direito europeu aplicável, para fazer tudo o que for possível para evitar ataques tão terríveis no futuro, como os recentes ataques em Magdeburgo pouco antes do Natal e há alguns dias em Aschaffenburg”, escreveu.
Após a aprovação do plano migratório da CDU na quarta-feira, os partidos de centro-esquerda questionaram se o líder conservador Friedrich Merz ainda é de confiança para evitar que a AfD chegue ao poder.
O plano migratório de Merz foi aprovado com 348 votos a favor, sendo 187 da CDU/CSU, 75 da AfD, 80 dos liberais do FDP e seis de deputados não-inscritos. 344 deputados votaram contra.
A política de imigração mais dura da CDU, que já originou protestos em frente à sede do partido em Berlim, prevê controlos fronteiriços permanentes, a recusa de requerentes de asilo e a detenção de estrangeiros que tenham recebido uma ordem para abandonar o país.