{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2023/05/01/como-e-visto-no-resto-da-europa-o-movimento-social-em-franca" }, "headline": "Como \u00e9 visto no resto da Europa o movimento social em Fran\u00e7a?", "description": "Entrevist\u00e1mos jornalistas europeus e analis\u00e1mos a imprensa europeia para saber como v\u00eaem o movimento de protesto em Fran\u00e7a", "articleBody": "A 29 de Mar\u00e7o, o jornal belga Le Soir exibia o t\u00edtulo: \u0022Estes gauleses s\u00e3o loucos?\u0022. Alguns dias antes, o di\u00e1rio brit\u00e2nico The Guardian saudava a \u0022luta sagrada\u0022 dos ses e, em It\u00e1lia, perguntava-se: \u0022Porque \u00e9 que os italianos n\u00e3o saem \u00e0 rua como em Fran\u00e7a?\u0022. 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Segundo o Di\u00e1rio de Not\u00edcias, uma das raz\u00f5es para tal \u00e9 a milit\u00e2ncia sa e a capacidade dos sindicatos para convencer, mobilizar e, assim, fazer perdurar o movimento.\u00a0 Uma tenacidade tamb\u00e9m notada em It\u00e1lia, onde a popula\u00e7\u00e3o tem os olhos postos no conflito social franc\u00eas. \u0022Porque \u00e9 que os italianos n\u00e3o saem \u00e0 rua como em Fran\u00e7a?\u0022 \u0022Mas porque \u00e9 que isso n\u00e3o nos acontece a n\u00f3s?\u0022, pergunta um jornalista do Il Fatto Quotidiano. \u0022Aqui, quando a idade da reforma foi aumentada para 67 anos, em 2011, a greve durou quatro horas\u0022, explica.\u00a0 A resposta pode estar no ado de It\u00e1lia, um pa\u00eds marcado por anos de terrorismo que j\u00e1 n\u00e3o se atreve a aventurar-se no campo do protesto. 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Como é visto no resto da Europa o movimento social em França?

Le mouvement social est largement couvert par la presse en Europe
Le mouvement social est largement couvert par la presse en Europe Direitos de autor Euronews
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De Julie Van Ossel
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Entrevistámos jornalistas europeus e analisámos a imprensa europeia para saber como vêem o movimento de protesto em França

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A 29 de Março, o jornal belga Le Soir exibia o título: "Estes gauleses são loucos?". Alguns dias antes, o diário britânico The Guardian saudava a "luta sagrada" dos ses e, em Itália, perguntava-se: "Porque é que os italianos não saem à rua como em França?".

A forte mobilização dos ses contra a reforma das pensões foi muito publicitada e está a provocar fortes reacções nos países vizinhos. 

Cinco anos após a crise dos Coletes Amarelos, que também fascinou a imprensa estrangeira, os europeus seguem atentamente o que se a em França e cada país formou uma opinião com base na sua própria situação.

Para compreender a percepção do movimento social francês no resto da Europa, entrevistámos jornalistas europeus e analisámos a imprensa.

"Estes gauleses são loucos?"

"Não são loucos por paralisarem o país, por deixarem a capital ser soterrada pelo lixo e por se manifestarem continuamente, quando o Governo apenas pretende aumentar a idade legal de 62 para... 64 anos?": foi com ironia que o jornal belga Le Soir descreveu a luta dos ses contra a reforma das pensões, chamando-lhes "gauleses irredutíveis", uma referência às aventuras do famoso Astérix. 

Muitos dos vizinhos a Norte de França estão surpreendidos com a cólera daqueles que têm a sorte de se reformar aos 64 anos, quando a idade legal na Bélgica é actualmente de 65 anos e aumentará para 67 em 2030.

Do outro lado do Reno, os alemães têm da mesma forma dificuldade em compreender os ses, que também estão em melhor situação do que eles. 

Na Alemanha, não só as pessoas se reformam mais tarde, como também recebem menos dinheiro: 1100 euros de pensão contra 1400 euros líquidos em França, segundo o Ministério da Solidariedade. 

"Há vários anos que se discute a viabilidade financeira do sistema de pensões e as empresas pressionam para aumentar a idade de 67 para 68 anos. Mas, até à data, ninguém saiu à rua", explica um jornalista do serviço alemão da Euronews. 

Apesar da revista Der Spiegel ter denunciado a agem forçada do Governo francês, graças ao artigo 49.3 da Constituição, a 16 de Março, com a manchete "Macron quer ar a sua reforma sem votação", a França é vista, na Alemanha, "como quase irreformável e os ses como resistentes à mudança". 

Mas noutros pontos do continente, o protesto francês pode muito bem ser uma fonte de inspiração.

"Protestar como os ses"

"Está na altura de protestar contra o governo britânico como os ses", dizia o diário escocês The National há algumas semanas, enquanto o jornal inglês The Telegraph afirmava: "Quando se trata de pensões, devíamos ser mais como os ses".

Durante vários meses, o Reino Unido foi também abalado por uma onda de protestos descrita como "a maior a que o Reino Unido assistiu nas últimas décadas". 

A 1 de Fevereiro, 500.000 trabalhadores de todos os sectores entraram em greve para protestar contra o custo de vida e exigir salários mais elevados, fechando escolas e perturbando os transportes. 

Esta situação é inédita no Reino Unido, enquanto em França a manifestação é quase uma tradição, segundo o diário escocês The National. Um hábito tão enraizado na cultura política do país que "os governos ses esperam que os cidadãos protestem e os cidadãos ses não hesitam em expressar a sua desilusão nas ruas". 

A mobilização maciça também impressiona o The Guardian, que saúda "a luta sagrada dos ses, que estão a enviar uma mensagem forte ao resto da Europa" e faz mesmo referência à "arte do protesto francês".

A mensagem também foi bem recebida em Bucareste, onde, nos últimos meses, os romenos saíram repetidamente à rua para lutar contra a corrupção, mas também para defender a causa dos agricultores ameaçados pelo afluxo de cereais ucranianos desde a guerra. 

Na Europa de Leste, a situação sa está a ser acompanhada de perto, em particular a capacidade de mobilização da população. 

"O protesto em França serve muitas vezes de exemplo para os romenos organizarem as suas próprias lutas e encorajarem outros grevistas a juntarem-se às fileiras", explica Andra Diaconescu, editora da Euronews Roménia.

"O sentimento que prevalece na Bulgária é de simpatia"

Na vizinha Bulgária, a controvérsia em França sobre o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos é o que atrai mais atenção, porque reflecte a situação da população. 

De facto, a legislação do país prevê a equiparação da idade da reforma, actualmente de 62 anos para as mulheres e 64 anos para os homens, para 65 anos em 2037. 

"O sentimento que prevalece aqui é de simpatia. Os búlgaros apoiam, de um modo geral, os manifestantes ses e a sua vontade de defender os seus direitos, embora denunciem, naturalmente, a violência", afirma Marina Stoimenova, chefe de redacção da Euronews Bulgária.

As imagens dos confrontos entre a polícia e os manifestantes chocaram muitos europeus, nomeadamente os portugueses, como explicava o Diário de Notíciasm, a 3 de Abril: "Estes actos de vandalismo nunca ajudam a luta e até prejudicam a imagem do movimento". 

Tais cenas de violência são impossíveis em Portugal, segundo o diário, que compara a cólera dos ses com a dos portugueses, que também se manifestam há vários meses para denunciar o aumento do custo de vida.

Mas se o conflito social francês é muito mediatizado na Europa, o protesto português é muito menos.

Segundo o Diário de Notícias, uma das razões para tal é a militância sa e a capacidade dos sindicatos para convencer, mobilizar e, assim, fazer perdurar o movimento. 

Uma tenacidade também notada em Itália, onde a população tem os olhos postos no conflito social francês.

"Porque é que os italianos não saem à rua como em França?"

"Mas porque é que isso não nos acontece a nós?", pergunta um jornalista do Il Fatto Quotidiano. "Aqui, quando a idade da reforma foi aumentada para 67 anos, em 2011, a greve durou quatro horas", explica. 

A resposta pode estar no ado de Itália, um país marcado por anos de terrorismo que já não se atreve a aventurar-se no campo do protesto. E depois, "para quê, dada a instabilidade política e a rapidez com que os governos entram e saem", interroga-se um jornalista do diário Today Italy. 

Tanto mais que os italianos, explica, raramente ganharam a sua causa, ao contrário dos ses, que ganharam a batalha das ruas em várias ocasiões. 

Em 1995, por exemplo, uma primeira reforma das pensões foi retirada pelo Governo de Alain Juppé sob a pressão dos manifestantes. Em 2006, a mobilização levou Jacques Chirac a renunciar à aplicação do chamado Contrato de Primeiro Emprego (E).

Mas alguns italianos já não se contentam em assistir aos ses e também eles saíram à rua a 23 de Março para apoiar os vizinhos. Em Roma, em frente à embaixada de França e em frente aos consulados em várias cidades italianas, realizaram-se manifestações a pedido da USB (Unione Sindacale di Base)

Para este 1 de Maio, estava previsto sairem de novo às ruas, tal como os ses, mas desta vez para se manifestarem contra o governo de Giorgia Meloni e defenderem os trabalhadores italianos.

Nome do jornalista • Julie Van Ossel

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